Educação burocrata disfarçada de aprendizagem ativa.
- esocialbrasil
- Sep 11, 2021
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A escola transformada em negócio, que vira empresa adere ao tecnicismo de uma aprendizagem ativa que nada mais é do que um projeto burocrata de educação em massa, formando a linha de produção no melhor estilo fordista, com foco na produtividade (aumento da capacidade produtiva do professor pela especialização e salários mais baixos), intensificação (diminuir o tempo do processo com adoção de atividades dirigidas e autônomas, em vez de conteúdo didático e pedagógico de aulas com o professor) e economicidade (reduzir ao máximo o estoque da matéria-prima, colocando professor recém-formado, com baixo custo e pouca especialização).
A engenharia da produção com foco na tarefa, bem empregada por Taylor na fábrica da Ford, foi qualificada na gestão educacional como aprendizagem ativa, partindo-se do princípio de que o operário da educação é o mesmo da fábrica de automóveis, tecido, robôs ou picles em conserva. A padronização do conhecimento em partes menores, seriadas e cíclicas, com sofisticado apelo metodológico de desenvolvimento da autonomia e empoderamento do usuário, transforma o aprendiz em mestre, aplicando o recurso tecnológico de formação, invertendo a sala de aula e ativando o autodidatismo na aprendizagem.
A escola-fábrica colocou no lugar do magnífico reitor, a sua excelência, o CEO e o coordenador de curso, passou a ser o supervisor tecnocrata da tarefa e da captação de novos consumidores para o serviço. O professor, como mestre de ofício e educador, tornou-se o operário do conhecimento e o próprio ofício, consumido a distância ou remotamente pelo aluno-consumidor.
A educação nunca foi ou muito menos será moeda de troca, mercadoria ou negócio que possa ser gerenciado, com a mera finalidade lucrativa e, mesmo tendo este objetivo, trata-se de investimento de longo prazo e, como qualquer outro tipo de investimento, como a bolsa de valores, por exemplo, possui seus riscos contábeis e financeiros. Como base do desenvolvimento de qualquer nação civilizada, a educação é sim uma aposta no futuro, acreditando-se que os beneficiados terão seus dividendos e protagonismo como cidadãos e não simplesmente como consumidores.
O empreendimento educação é na atualidade no Brasil, segundo dados do censo educacional do MEC-INEP (2019), aproximadamente 90% privado em toda sua cadeia produtiva, que se diversifica para formar competências para o mercado e não para vida, segmentada, departamentalizada, sazonalizada e comercializada pelos mesmos princípios do marketing de mercado: promover a marca e o serviço, precificar com base na lei da oferta e da procura, oferecer um produto customizado e estar presente aonde o cliente está, em escala, em massa.
A linha de montagem começa na captação do aluno, passa pelo cadastro, seleção e treinamento, vai para o comercial e administrativo, chegando no processo produtivo, supervisão e controle de resultados, com certificação no final. Se o ensino básico e fundamental segue a lógica do mercado, no ensino superior não é diferente, no mesmo ano de 2019, o Ministério da Educação, apontou que as instituições particulares concentravam mais de 88% dos cursos de graduação e mais de 75% do alunos universitários. Ensino híbrido, a distância, remoto, presencial, mix, "fazemos qualquer negócio" na educação burocrata, disfarçada de aprendizagem ativa.
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