A avaliação é do momento e não a média do período.
- esocialbrasil
- May 2, 2022
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Updated: May 10, 2022

Aprender é complexo, mas, isso "sabemos" pela própria experiência. Todos os dias de nossa rotina pessoal ou profissional, somos demandados para decidir qual o melhor caminho escolher e, na medida que decidimos, precisamos monitorar, acompanhar atentamente as múltiplas variáveis que aparecem, como se fosse um passe de mágica, quando distraímos o olhar, por um estímulo mais forte que nossa racionalidade, que foca o que fazemos, pronto, aconteceu. O que precisamos incluir nesta situação, são os recursos que conseguimos reunir, inventar, inovar, refinar, quando nos colocamos diante de uma tarefa ou um problema qualquer, que requer solução.
Aprendemos a dominar os processos, desenvolvemos sistema simples, complexos e "emprestamos" a lógica de como observamos e estabelecemos a trilha de solução, para criar a inteligência artificial. Atualmente, coexistimos com a inteligência cognitiva integrada com a inteligência emocional, como mecanismo para saber como lidar com o que imaginamos e criamos. O ser humano é assim, constrói, desconstrói, recria e, inesperadamente, surpreende com atitudes revolucionárias, disruptivas, esteticamente extemporâneas.
O ser humano é sujeito e objeto de suas ações, funcionando como "usina renovável de vivências e conhecimentos", que facilita a vida, as coisas, os ambientes. Para nos sentirmos mais seguros, adaptamos nosso habitat como parte do que somos, seja junto de nossas amizades, na família, na vizinhança, no trabalho, no entretenimento, que ajuda a relaxar e perceber que a vida é tudo o que fazemos, representamos, sentimos e experimentamos de forma integral, não somente, como o conjunto dos fragmentos de ações experimentadas, como fruto do que planejamos ou como contingências, que nos forçam a fazer escolhas.
Quanto mais vivemos as experiências que acontecem conosco, mais aprendemos sobre a vida e, portanto, mais experientes nos tornamos, significando dizer, que a aprendizagem está diretamente relacionada com o tempo e o espaço. O tempo na perspectiva do período, momento, prazos, metas, objetivos e, espaço, no sentido da situação, ambiente, contexto no qual fazemos as coisas acontecerem. Observa-se assim, que aprendemos a dominar sistemas e processos, algo que as teorias administrativas prescreveram e normalizaram nas organizações, nos últimos cem anos. Agora, precisamos entender que os processos e sistemas, possuem pessoas gerenciando, fazendo as coisas acontecerem e, na maior parte das vezes, fazendo seu melhor, com os recursos disponíveis e, em alguns casos, fazendo além do que a estrutura organizacional oportunizou, agregando valor a tarefa.
Na educação, processos e sistemas são similares, mudando sua configuração e objetivos, entretanto, possuem início, meio e fim. Formam ciclos, estágios, etapas que acontecem em paralelo e simultaneamente, com maior ou menor complexidade. O fato é que esta dinâmica nos faz aprender e sermos cada vez melhor no que fazemos. Considerando tal compreensão, pergunto: o que nos faz decidir que a avaliação, deva ocorrer no término do processo, fragmentada da aprendizagem?
Avaliamos as coisas como se estivéssemos auditando o processo ou sistema, como um supervisor, um olhar out side da organização. Afinal, será que aprendemos "medianamente", o que podemos fazer tudo junto?
A avaliação é por si um processo, assim, acontece continuamente. Enquanto sistema opera seus objetivos, em equipe ou solitariamente no papel, como o professor que planeja, organiza o conteúdo e, aplica os ensinamentos, junto com os alunos. São estágios de produção do conhecimento, em ciclo de conversões, que envolvem o conhecimento tácito para o explícito e, para o tácito, até atingir um ponto de qualidade e, transformar o estado de espírito e status social. Após divulgar as notas acumuladas em um conjunto de atividades variadas, que mediam a aprendizagem no bimestre, um dos alunos questionou quando a nota seria lançada no sistema e eu respondi, que seria quando o processo finalizasse e expliquei: "conforme o que estabelece o plano de ensino, a nota final da disciplina, será obtida entre a maior nota dos dois bimestres". O aluno voltou a questionar, "então, a nota não será a média do semestre?".
Diante da câmera que gravava a aula remota, respondi ao aluno:"se aprendemos, acumulamos conhecimento, progredimos, nos tornamos mais espertos, mais habilidosos, mais críticos, assim, seria um contra-senso e injusto, considerar que a sua aprendizagem é a média estatística de todo o processo (sem desconsiderar a importância da lógica desse pensamento), enquanto, a sua aprendizagem nada mais é do que o acúmulo de tudo que viveu e experimentou", desta forma, a pessoa é avaliada em um momento e, obtém a nota daquele momento, envolvendo a situação e as pessoas com as quais se encontrava. Se no início do processo, sabemos pouco, do meio ao fim é natural que tenhamos absorvido mais conhecimento, logo, devemos ser avaliados por este novo momento e, obter a nota deste momento, seria no mínimo, razoável.
A avaliação precisa se reinventar e acompanhar, não somente os recursos tecnológicos e os avanços da inteligência artificial, mas, deve refletir em seus mecanismos de controle, a capacidade de medir a aprendizagem do indivíduo, não a partir da média entre os dois momentos, pois, isso seria desconsiderar a evolução e o refinamento da aprendizagem, portanto, "a nota do processo todo, deve ser a melhor nota entre os dois momentos", ratifiquei para o aluno e, prossegui ressaltando, "caso não consiga nota de aprovação, será considerada a média entre os dois períodos e, fará outra avaliação complementar, para retratar a competência que absorveu.
A avaliação da aprendizagem é progressiva e, partindo da teoria comportamental, especificamente da tese motivacional do reforço, devemos bonificar o aluno pelo seu processo de aprendizagem, pela sua capacidade e esforço empregado, valorizando e reforçando positivamente seu desempenho, diferente de punir o colaborador, buscando a média estatística, que presunçosamente, justifica a equidade, a justiça na experiência de aprender.
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